Centro Acadêmico Livre de Pedagogia da UFSC
  • Regimento e Calendário Eleitoral – 2022/2023

    Publicado em 19/06/2022 às 17:21

    Na nossa última assembleia estudantil, aprovamos o regimento eleitoral para as eleições de gestão do CALPe para o período de 2022/2023. O processo eleitoral se iniciou com a constituição da Comissão Eleitoral, que construiu o regimento que segue:

    Regimento Eleitoral 22

     

    CALENDÁRIO ELEITORAL (principais datas):

    DATAS O QUE
    28/06 Prazo para inscrição das chapas
    29/06 Divulgação das chapas homologadas
    30/06 a 13/07 Período de campanha eleitoral
    06 e 07/07 Inscrição de Mesários
    11/07 Prazo para chapas indicarem fiscais
    14 e 15/07 Realização das eleições
    15/07 Apuração e divulgação do resultado da eleição
    18/07 Prazo para solicitação de recursos
    21/07 Posse da chapa eleita

  • MOÇÃO DE APOIO E SOLIDARIEDADE AOS/ÀS TRABALHADORES/AS DA EDUCAÇÃO DE FLORIANÓPOLIS

    Publicado em 19/04/2021 às 13:09

    No último dia 21 de Março, trabalhadoras e trabalhadores da educação de Florianópolis, em assembleia da categoria, deflagraram greve pela vida, se posicionando enfaticamente contrários ao retorno das aulas presenciais na cidade. A prefeitura municipal de Gean Loureiro (MDB), em consonância com os movimentos do MEC e do Governo Estadual (sem suas esferas executivas e legislativas), forçou o retorno desses trabalhadores às escolas no mesmo momento em que o sistema de saúde da cidade e do estado estão em absoluto colapso. Passa pelo surrealismo a abertura das escolas enquanto a cidade de Florianópolis se encontra em estado gravíssimo, com 93% da taxa de ocupação de leitos de UTI, alta de casos em crianças, surgimento de novas cepas e a insuficiente compra de vacinas e EPI’s, especialmente pelo governo federal. 

    O mote “essencial é a vida” levantado na luta desses trabalhadores sintetiza bem os confrontos e contradições colocados em cena nesse momento. Ainda em 2020, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina aprovou uma lei que categoriza a educação como “serviço essencial” durante a pandemia, o que significa que esse “serviço” não pode ser fechado, independentemente do estágio de risco das cidades e regiões. Desde então, escolas particulares reabriram indiscriminadamente, sem garantir as condições de segurança mínimas para trabalhadores e sem respeitar as medidas básicas de contenção, chegando ao ponto de esconder crianças em banheiros para escapar da fiscalização. 

    Além disso, o número de crianças e professores infectados pelo coronavírus cresceu assustadoramente. Ao todo, até 31 de Março de 2021 tivemos 24 mortes de crianças de 0 a 9 anos no estado pela doença; destas, 8 (33% do total) aconteceram ao longo do mês de março de 2021. Estendendo a faixa etária até os adolescentes e jovens de 21 anos, o número de mortes do estado sobe para 37. Com relação a trabalhadores da educação, são diárias notícias de professores, diretores e profissionais pedagógicos que morrem em decorrência da doença. Mais recentemente, no dia 06/04, vimos a morte de duas professoras na cidade de Blumenau. Além disso, a cidade registra que “dez professores, 16 colaboradores e dez alunos tiveram diagnóstico positivo para o coronavírus entre o dia 29 de março e 2 de abril, em 28 instituições de ensino da rede pública municipal, estadual e particular”. Não são “casos isolados”. A mesma história se repete por todo o Brasil: onde se liberaliza o retorno às aulas presenciais, crescem as mortes de crianças e trabalhadores da educação. 

    Duas coisas são importantes de se ressaltar. Em primeiro lugar, os governos municipais e estaduais se defendem mostrando os “protocolos de segurança” elaborados para justificar esse retorno. Contudo, quem elabora esses planos não são os trabalhadores que estão no chão da escola e nas salas de aulas todos os dias. A prefeitura de Gean Loureiro já foi desmentida diversas vezes pelo SINTRASEM (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis) com relação à falsas propagandas que são feitas sobre as condições das escolas. Os professores, profissionais de limpeza e alimentação, diretores, pedagogos e demais profissionais que atuam nas escolas já cansaram de denunciar as condições precárias das unidades escolares, completamente inadequadas para efetivar um retorno seguro “segundo os protocolos”. 

    Ainda sobre esses protocolos, é importante questionar não só a sua viabilidade sanitária e material, mas também o seu impacto na própria atividade pedagógica a ser desenvolvida nas escolas e creches. Afinal de contas, qual é a qualidade do atendimento educacional que pode ser proporcionado para as crianças quando o contato com os colegas e professores precisa ser tão distante? Não pode haver troca de brinquedos ou compartilhamento de materiais didáticos, brincadeiras precisam ser restringidas ou transformadas profundamente e esportes em geral não podem ser desenvolvidos. Não paremos nesses exemplos. A educação infantil é, sem dúvida, a mais afetada nisso tudo: a restrição aos brinquedos e brincadeiras é ainda mais preocupante, fazer crianças tão pequenas seguirem as regras de distanciamento com os colegas é ainda mais difícil e emocionalmente esgotante (para professoras e crianças), não se pode pegar a criança no colo e toda a dimensão do cuidado (que existe e é tão importante na educação infantil, o que não significa suplantar a dimensão e finalidade educativa desse ambiente) se torna perigosa para os envolvidos. Isso sem contar que crianças abaixo de 6 anos não são obrigadas a usar máscaras, mas sabemos que elas ainda podem transmitir o vírus. Como todo esse arranjo espacial e comportamental vai afetar os processos educativos nas escolas? Essa não é uma pergunta com a qual a prefeitura de Florianópolis, a secretaria de educação de Santa Catarina e a ALESC parecem se preocupar.

    Outro ponto essencial, muito presente nas preocupações das trabalhadoras e trabalhadores, é a vacinação. Mesmo sendo funcionários de “serviço essencial”, trabalhadores da educação estão sem previsão de vacinação adequada no Plano de Imunização. É sabido que, até o momento, as únicas medidas efetivas de combate ao vírus e à pandemia são as medidas de isolamento e distanciamento social, associadas com forte monitoramento e acompanhamento de casos ativos, e, mais recentemente, as vacinas. A primeira alternativa já foi jogada no lixo pelos nossos governantes, que decidiram deliberadamente sabotar as medidas restritivas para permitir o funcionamento irregrado da máquina de acumulação de riquezas e valorização de capital dos super ricos de nosso país. E a segunda, que é a que mais nos traz esperanças, caminha a passos lentos também por ação proposital, principalmente, do governo federal, que recusou a compra prévia de vacinas, orientou voto contrário à quebra de patentes internacionais (o que poderia permitir, se aprovado, a fabricação de vacinas genéricas a menor custo e maior agilidade em todos os países) e ainda espalhou desinformação e mentiras sobre a vacinação.

    Os governos federal, estadual e municipais parecem juntar esforços para minar a efetividade da contenção à pandemia, da vacinação e da proteção à população brasileira. A abertura das escolas, que é só um exemplo dentro da ampla política de morte colocada em ação atualmente, ainda, amplia-se o contágio em todas as esferas do setor educacional e também fora dele: são trabalhadores do transporte público que passam a ser afetados, trabalhadores terceirizados, corpo docente, gestão escolar, crianças, famílias, estudantes estagiários, comerciantes das proximidades , e muito mais. 

    Sim, a escola e a educação são essenciais, mas também o é a vida daqueles que estão envolvidos nesse espaço e nessas relações. Todos nós queremos o retorno presencial das aulas, mas em condições seguras e que não coloquem em risco a vida de milhares de trabalhadores, estudantes e famílias. 

    Nesse sentido, reiteramos fortemente nosso total e completo apoio à luta das trabalhadoras e dos trabalhadores em educação de Florianópolis, de São José, que travaram uma importante greve também esse ano, de todo o estado de Santa Catarina e, também, do Brasil. É uma luta legítima e generalizada que se coloca na defesa da vida, e não somente desses trabalhadores, mas sim das próprias crianças e suas famílias e de toda a comunidade das cidades. Enquanto estudantes, compreendemos como essencial a manifestação de apoio à tal luta, uma vez que não estamos “externos” ao debate do retorno presencial das aulas; ele também nos afeta profundamente. 

    Solidariedade aos trabalhadores em greve! Todo o apoio à luta pela vida, por vacina e por educação de qualidade! Nem de fome, nem de COVID! 

     

    Essencial é a vida!

     

    Centro Acadêmico Livre de Pedagogia – UFSC, Abril de 2021

    Convidamos todes a assinar essa moção, através deste link: https://forms.gle/kdCXb7GG5dnzZuec6


  • Relatório de Avaliação do Ensino Remoto

    Publicado em 16/04/2021 às 13:45
    No último dia 30/03, o NDE do Curso de Pedagogia aprovou o documento “Avaliação do Ensino em Pandemia e de Forma Remota” como aquele que define e orienta a avaliação do Ensino Remoto Emergencial em nosso curso. Por meio de uma análise do PPP do Curso, do histórico que levou à adoção do Ensino Remoto e de uma base ampla de dados dos docentes e discentes, o documento busca trazer elementos para compreender o que tem sido esse período para o nosso curso, e seus impactos na formação de professores prevista em nosso PPP.
    Recomendamos a todes a leitura integral do documento, uma vez que ele está lançando um olhar crítico para aquilo que temos vivido enquanto estudantes todos os dias. A partir dessa leitura, podemos compreender melhor os impactos desse tipo de ensino na nossa formação, e, então, exigir as mudanças necessárias para o próximo semestre, que, como aprovado em CUn no dia 31/03, continuará a ser remoto.
    Na mesma reunião do NDE, aprovou-se que a próxima reunião do Colegiado de Curso discutirá esse mesmo documento, para, assim, assumirmos ele como um relatório oficial de nosso curso. Convidamos a todes para participar dessa reunião do Colegiado, ainda a ser divulgada, para fazer o debate necessário e levar as demandas e propostas estudantis!

  • Entrevista com as novas coordenadoras de curso (2021 – 2023)

    Publicado em 07/04/2021 às 14:03

    Tivemos, há pouco menos de um mês, as eleições para a coordenação do curso de pedagogia da UFSC. Nesse processo eleitoral, foi eleita a chapa composta pelas professoras Joana Célia dos Passos e Patrícia Lima. O CALPe fez contato com as novas coordenadoras e organizamos, então, a realização de uma entrevista com elas, a fim de permitir um momento e espaço em que pudessem expôr e elaborar um pouco mais sobre suas propostas, princípios e eixos. Num período em que o contato é tão dificultado, objetivamos promover um espaço para que as estudantes possam conhecer mais e melhor as novas coordenadoras.

    Segue, na íntegra, a entrevista concedida pelas coordenadoras:

    CALPe: Em primeiro lugar, gostaríamos de cumprimentar e parabenizar a chapa de vocês. Não só enquanto CALPe e estudantes, mas como curso, podemos dizer que estamos extremamente contentes com a disponibilidade e o compromisso de vocês em assumir a coordenação do curso nesse período. Desejamos que seja uma trajetória frutífera de construção coletiva do nosso curso, de lutas, conquistas e avanços. Em segundo lugar, podemos começar essa entrevista puxando os elementos que vocês já compartilharam conosco na Carta e na Live da Apresentação. Nosso objetivo nessa e nas próximas perguntas será de explorar e aprofundar as concepções que vocês já apresentaram. Então vamos lá: Na apresentação, vocês duas ressaltam suas trajetórias não só acadêmicas, mas na luta política e nos movimentos sociais. Para além das bandeiras desses movimentos que continuam a defender, como vocês acham que essa vivência auxilia e as prepara para assumir uma Coordenação de Curso de Pedagogia?

    Coordenação: Inicialmente gostaríamos de agradecer a oportunidade que temos junto as/os/es estudantes do curso de Pedagogia de explicitar nossas defesas sobre a universidade pública e com isso, construir espaços de diálogo com o movimento estudantil. Compreendemos a importância das pautas coletivamente construídas pelo movimento
    e esperamos, que essa entrevista, possa apresentar entendimentos sobre nossa posição-de-sujeito enquanto coordenadoras do curso. Primeiramente, destacamos que a composição da nossa chapa, duas mulheres, uma mulher negra como coordenadora e uma mulher branca como sub-coordenadora, não é um arranjo acidental, porém
    pensado. Escolhemos essa configuração por entendermos a importância desta representação, para o curso de formação de professoras e professores situado no Sul do Brasil e nesta universidade. Com isso, já explicitamos, nesse arranjo, como nos entendemos como professoras dentro desta universidade. Nossas trajetórias e lutas via os movimentos sociais nos permite compreender o que desejamos construir enquanto projeto dentro da universidade. Os movimentos sociais ensinam e fortalecem posições porque dizem de nossos lugares de fala, de pertencimento e, portanto, de atuação politica. A vivência nos movimentos sociais nos permite atribuir um “sentido político” para nossas escolhas dentro da universidade pública.

    CALPe: Vamos passar para os três princípios que vocês elencaram para a chapa. O que vocês entendem por “defesa incondicional da escola pública”? Sabemos que atualmente existem muitos atores políticos que dizem levantar a bandeira da “escola pública”, mas que por esse discurso escondem uma prática que leva à precarização e privatização da educação pública. Nesse sentido, de qual concepção de escola pública vocês estão falando?

    Coordenação: Assumimos a defesa “incondicional da escola pública” porque é nela que se encontra ampla maioria dos/as filhos dos/as trabalhadores/as; porque reconhecemos a importância dessa instituição para a emancipação da classe trabalhadora. Além disso, essa é uma defesa do nosso Projeto Pedagógico de Curso (2008). Entendemos
    primeiro, que estamos defendendo um projeto de formação construído ao longo de uma trajetória e por muitas mãos, Nesse sentido, quando nos colocamos para essa coordenação estamos “assinando“ nosso trabalho na construção desse projeto! A escola pública é lócus do nosso projeto formativo. Formamos professoras e professores para atuação no espaço público da escola, comprometidos com uma docência transformadora da realidade social e incluímos aqui, o entendimento que essa docência atua no combate as desigualdades sociais de classe, de raça, de gênero… A escola pública não é só o espaço para a diversidade, mas sobretudo, um espaço para as diferenças!

    CALPe: Quanto à questão das ações afirmativas: o que querem dizer com “compromisso político do curso de Pedagogia”? E com “permanência simbólica”?

    Coord.: Estamos nos comprometendo em pautar as ações afirmativas durante nossa gestão como uma política pública a ser implementada continuamente na universidade, e portanto, no curso. Entendemos que precisamos materializar ações que atuem na problematização do que significa ensinar e aprender tendo como centralidade o combate as desigualdades instaladas nas trajetórias dos sujeitos das ações afirmativas. A permanência dos/s estudantes que ingressaram por ações afirmativas no Curso, não passa somente pelas condições materiais que devemos assegurar, mas encontra como desafio ainda maior, a reformulação das concepções epistêmicas que
    acumulam todo acervo “não problematizado” da branquitude no ocidente. É não mais calar sobre o racismo, o sexismo e as relações de classe que estruturam as desigualdades sociais também na universidade. É problematizar o racismo curricular, acadêmico, epistêmico. É assegurar a presença de estudantes de ações afirmativas em grupos de pesquisa. A permanência simbólica dos estudantes exige de nós, professoras e professores do curso, não apenas sensibilidade para acolhermos o diverso (indígena, negro, quilombola, deficiente, transexual, travesti, …), mas, a
    diferença (as culturas, seus signos, seus acúmulos, suas trajetórias). Acolher as diferenças significa como professora/a se colocar como aprendiz de outros letramentos (racial, sexual, de gênero, das deficiências, etc). Importante destacar que não estamos aqui tratando de movimentos identitários, como algumas pessoas os classificam, afinal, lutar por ser aceito/a como gente, lutar pelo direito a existir, pelo direito a viver com dignidade é lutar por justiça social.

    CALPe: O último princípio é “docência comprometida com os sujeitos e os contextos sócio-político-culturais”. O que isso quer dizer?

    Coord.: Quer dizer exatamente isso que falamos acima. Os sujeitos precisam ser reconhecidos não apenas como diversos, mas, como diferentes. Se a docência é uma prática social relacional, devemos nos perguntar como as diferenças incidem sobre nosso modo de ser professores e professoras? como atuamos permanentemente, diante dos sujeitos que nos chegam? Necessitamos materializar práticas que atuem na diferença, não apenas para reconhecer que temos estudantes negros, quilombolas, indígenas, com deficiência, … mas como transformamos nossa docência na construção dessas relações. Dialetizar a docência! Um desafio!

    CALPe: Para finalizar o bloco sobre os princípios: vocês já têm pensado em ações e propostas para concretizá-los? Se sim, gostariam de compartilhar conosco?

    Coord.: Entendemos que não se trata de ações e propostas a serem concretizadas por duas pessoas na coordenação, por isso, defendemos princípios. Nossa compreensão é que as ações serão construídas nos espaços representativos do curso! Quando defendemos princípios por dentro de um projeto formativo, criamos a possibilidade para um trabalho coletivo.

    CALPe: Vamos conversar um pouco sobre os eixos/propostas. Eles trazem uma variada gama de direções que vocês pretendem seguir e ajudam na materialização dos princípios. Vale a observação de que muitos dos pontos remetem a palavras como “diálogo”, “articulação”, “ampliação de vínculos”. Acho que podemos deixar esse espaço bem aberto para vocês explorarem o que quiserem com relação a esses eixos, mas se puderem, falem mais sobre o que significa esse foco nos termos destacados.

    Coord.: Vamos lá então …. a palavra diálogo é entendida por nós como um exercício de comunicação que carece situar sempre a posição dos sujeitos que estão na relação comunicativa. A escuta atenta e o reconhecimento dos sujeitos são princípios do diálogo como comunicação. Dialogar pressupõe reconhecer as relações de poder e suas recursividades. O poder deve circular… é produzido e poderá desinstalar vícios, verticalidades, bem como, perspectivar relações mais horizontalizadas, no entanto, esse exercício só é possível quando reconhecidas as posições- de- sujeito. A palavra articulação está atrelada a ideia dos princípios como aqueles assumidos (proferidos) por nós e portanto, está implicado na tessitura dos mesmos, como escolha política para as nossas mediações junto aos espaços representativos. A palavra ampliação de vínculos encontra-se em nossa proposta, atrelada a ideia de que o curso já possui vínculos com a educação básica (como NDI e Aplicação, por ex.) no entanto, compreendemos a importância de uma ampliação visando espaços de maior envolvimento em pautas que entendemos ser urgentes para educação pública brasileira, sobretudo, quando estamos dentro de um centro de educação. Por exemplo: quais os impactos da BNCC na educação brasileira? Como a formação de professoras/es vem discutindo essas questões? Como o Centro de Educação que reúne a educação básica e um curso de Pedagogia se posiciona escutando o que vem sendo produzido nesses espaços? Como o CED nesse horizonte contribui para esse debate dentro desta universidade? Aqui, um exemplo sobre ampliação de vínculos.

    CALPe: Certo, podemos fazer então um último “bloco” de perguntas sobre questões que tocam o movimento estudantil mais diretamente. Para iniciar essa parte da conversa, como vocês veem essa relação entre coordenação de curso e movimento estudantil? Sabemos que não é uma relação fácil o tempo todo, que ela é permeada de contradições e de tensões. Para nós, e já tivemos outros espaços para conversar sobre isso com vocês, isso não significa que não possamos trabalhar juntos e de forma muito produtiva, mas reconhecendo oslimites e as potencialidades dessa relação de forma honesta e sempre dialogada. Vocês concordam?

    Coord.: Em nossa primeira conversa com CALPE, quando apresentamos nossa proposta para vocês deixamos claro nossa posição sobre o movimento estudantil. Entendemos a autonomia do movimento estudantil como algo central para construção dessa relação e reconhecemos a importância dessa representação.

    CALPe: A democracia universitária é um valor e uma forma organizativa do nosso ensino superior público recheada de contradições. Enquanto estudantes, por exemplo, nós temos direito, segundo legislação e regimentos internos, a apenas 15% de peso nas votações institucionais, seja no Conselho Universitário (CUn), seja no nosso Colegiado de Curso. E mesmo com representação, sabemos que a forma de ouvir e responder às nossas demandas e colocações é diferenciada com relação àquelas trazidas pelos professores e técnicos. Adicionamos ainda que estamos num contexto em que mesmo essa “democracia contraditória” está ameaçada, com o governo de Bolsonaro-Mourão interferindo diretamente na nomeação de interventores não respaldados pela votação da comunidade acadêmica. Como vocês enxergam a questão da democracia universitária, tendo em vista as suas contradições internas e o contexto atual que a vilipendia ainda mais?

    Coord.: Entendemos a necessidade dessas lutas e nos últimos tempos presenciais desta universidade lembramos as importantes batalhas travadas pelos/as estudantes (greves, movimentos) e como estes movimentos criaram pautas
    inclusive para nós, professoras e professores. Também gostaríamos de destacar que esse mesmo entendimento temos das ações afirmativas, que os sujeitos (estudantes) ingressantes pelas ações afirmativas democratizaram ainda mais a universidade nas pautas que colocaram aos movimentos estudantis e para a universidade, contudo, as instâncias deliberativas e consultivas tanto da UFSC como dos movimentos (sindical, estudantil), ainda prescindem, da representatividade desses sujeitos.

    CALPe: É impossível que não falemos do Ensino Remoto nesse momento. Não precisamos repetir muitos elementos dessa discussão, porque estamos, professores e estudantes, sentindo na pele as consequências desse projeto de ensino para o período pandêmico. Lembramos que uma das consequências diretas do Ensino Remoto no nosso curso foi que a maioria das estudantes se tornou multifases, o que dificulta a plena articulação horizontal e vertical de conteúdos prevista no nosso PPC. Como vocês pretendem lidar com o ensino remoto e suas consequências no curso de pedagogia?

    Coord.: Entendemos o ensino remoto como uma medida num contexto de excepcionalidade. Nesse sentido, pretendemos atuar por dentro do processo avaliativo que o Curso criou e nos pautarmos na geração desses dados como fonte para nossa organização interna de Curso e para subsidiar as nossas pautas junto à universidade. Compreendemos que a avaliação não só fornece a base para as ações internas no Curso, mas produz conhecimento sobre o contexto histórico que estamos vivendo na educação brasileira.

    CALPe: Se falamos de Ensino Remoto, falemos também da pandemia. Já estamos há mais de um ano com as aulas presenciais suspensas por conta do Coronavírus. Para além das aulas, a pandemia afetou e continua a afetar todas as dimensões das nossas vidas. Os seus efeitos são ainda mais sensíveis para estudantes vulneráveis economicamente, trabalhadores e desempregados, negros, indígenas, LGBTQs e quilombolas. Mais recentemente, a pauta da vacinação se tornou mais central do que nunca, uma vez que o governo federal não elaborou um Plano de Vacinação Nacional compreensivo, sistemático e funcional, e não tem feito a movimentação adequada para a aquisição e produção das vacinas. Soma-se a isso a recente liberalização do retorno às aulas presenciais nas escolas públicas do estado e de quase todo o país, sem protocolos de seguranças realistas e nem plano de contenção adequado. Quais as perspectivas, tanto de conversas e debates quanto de lutas, que vocês têm com relação à pandemia e seus efeitos? O que uma Coordenação de Curso pode fazer quanto a tudo isso?

    Coord.: Entre essas coisas e outras mais, estamos fazendo quando assumimos um processo de avaliação do Curso de Pedagogia e não nos “envelopamos” na avaliação institucional. Estamos fazendo quando atenuamos nossa capacidade para produzir conhecimento a partir da realidade concreta de um curso que forma professores e professoras. Estamos fazendo quando posicionamos nossas escolhas em cenários concretos (assumindo riscos e
    possibilidades visando os sujeitos do processo). Estamos fazendo quando orientamos professores e professoras para os riscos do ensino remoto num curso de pedagogia presencial. Estamos fazendo quando o Curso se manifesta publicamente em apoio aos/às trabalhadores/as da educação pelo não retorno presencial enquanto não se tiver plena garantia de vacina e de segurança sanitária nas escolas. Continuaremos a fazer abraçando o nosso PPC e buscando com isso, a defesa do nosso projeto formativo.

    CALPe: 2021 vai ser um ano intenso. Já sabemos que o horizonte é de disputa, luta e muita resistência para esse ano, e para dar conta de responder a eles é preciso de nós, tanto enquanto sujeitos quanto enquanto curso, organização e muito debate. Vamos lançar alguns tópicos a seguir que consideramos ser pautas centrais para o nosso ano, e vocês podem discorrer e fazer as observações necessárias sobre cada um deles:

    CALPe – a) Questão orçamentária da universidade, corte de 18% para o orçamento total de 2021 e continuidade da tramitação do Future-se como Projeto de Lei nas casas legislativas;

    Coord.: As questões levantadas são pautas para vocês e para nós, professoras e professores. Algumas dessas questões já foram posicionadas pelo nosso curso e outras esperamos que se tornem pautas nas lutas organizadas dentro das universidades brasileiras, sobretudo, na UFSC. Nosso curso participou de forma ativa na discussão sobre o Future-se, temos professores no Curso de Pedagogia contribuindo significativamente na produção de conhecimentos sobre as questões do orçamento na educação e isso ampara em grande medida nossos posicionamentos enquanto curso de Pedagogia.

    CALPe – b) Curricularização da Extensão na UFSC;

    Coord.: Quanto a Curricularização da Extensão temos um documento produzido pelo curso que posiciona nosso entendimento sustentado pelo nosso projeto formativo.

    CALPe – c) Reforma Administrativa e PEC Emergencial (já aprovada);

    Coord.: Sobre a Reforma Administrativa compreendemos que necessitamos discutir o desmonte do Estado brasileiro e não só o desmonte das universidades públicas e a reforma encontra-se nessa direção. Isso nos exige a organização de base de nossas categorias para uma luta ampla em defesa da democracia na sociedade brasileira.

    CALPe – d) Ensino híbrido ou retorno parcial das atividades de ensino presenciais na UFSC;

    Coord.: Sobre o ensino híbrido entendemos que estamos em um curso presencial e que as condições para esse retorno “presencial” deverá ser assegurada pela vacinação e pela estabilização da crise sanitária, com a implementação de políticas emergenciais na universidade que vise os impactos( econômicos, sociais, saúde mental) na vida dos sujeitos (estudantes e trabalhadores ).

    CALPe – e) Avaliação do Ensino Remoto no curso.

    Coord.: Sobre esse último tópico, da avaliação do ensino remoto, entendemos que temos, enquanto curso de Pedagogia, um acúmulo sobre o que entendemos por ensino e nos respaldamos em nosso projeto formativo para a defesa do que é ensinar. O “remoto “ é uma modalidade criada durante a pandemia para o ensino e isso que avaliamos dentro do nosso curso. Quais os impactos dessa modalidade “remoto” no ensino? Quais impactos para o nosso projeto formativo?

    – FIM DA ENTREVISTA –

     

    Agradecemos à nova coordenação pela disponibilidade e pela busca do diálogo e publicidade das discussões. Seguiremos juntas, juntos e juntes, enquanto CALPe, estudantes e coordenação de curso, para a construção de um curso comprometido com a escola pública, com a permanência estudantil, em seus múltiplos aspectos, e com a docência comprometida com uma sociedade mais justa e igualitária!


  • LIVE: “Ditadura Militar e a Educação”

    Publicado em 26/03/2021 às 12:36


    O Centro Acadêmico Livre de Pedagogia (CALPe-UFSC) convida a todes para a Live “Ditadura Militar e a Educação”, que irá ocorrer no próximo dia 1º de Abril, às 18h30min, pelo canal do Youtube do CALPe.

    Quando um governo comemora e revive o legado desse período sombrio de nossa história, é preciso pensar sobre o que isso significa. O que foi a ditadura militar para nossos pares, estudantes e professores, e para a educação em geral? O que fez a ditadura para a educação brasileira em seus diferentes aspectos, desde a política educacional para os diferentes níveis (infantil, básica, superior e técnica) até o movimento estudantil?
    Para mobilizar esse debate tão importante, contaremos com a participação de:
    Prof. Dr. Ademir Valdir dos Santos: pedagogo, Mestre e Doutor em Educação pela UFSCar, atuante na Universidade Federal de Santa Catarina e líder do Grupo de Pesquisa GEPHIESC – Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação e Instituições Escolares de Santa Catarina.

    Cecília Brancher de Oliveira: formada em Relações Internacionais pela UFSC, atualmente é mestranda no Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo (USP), onde pesquisa a Reforma Universitária da Ditadura nas universidades brasileiras. Foi bolsista da Comissão da Memória e Verdade da UFSC e é membro associado do Instituto Memória e Direitos Humanos (IMDH) da mesma universidade.

    Victor Cunha: estudante de História pela UFSC e Secretário Nacional de Comunicação da Federação do Movimento Estudantil de História (FEMEH). Foi bolsista da Comissão da Memória e Verdade da UFSC.

    Num contexto tão difícil como o nosso, com uma conjuntura de morte, intervenções nas Universidades e Institutos federais, perseguições a críticos do governo por meio da Lei de Segurança Nacional (uma herança da ditadura), censura a professores e estudantes universitários e ainda num momento de limites e dificuldades concretas para nossa mobilização, como o estudo do nosso passado nos pode ajudar a compreender e enfrentar essa realidade?

    Lembrar, lutar e resistir! Ditadura Nunca Mais!

    Link do nosso Canal no Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCjD1AIHAE1-xTJAtrWwDgrQ
    Confira o chamado completo: https://www.instagram.com/p/CM4v5NAnw1x/


  • [CHAMADO] Reunião Ordinária do CALPe – 24/03

    Publicado em 22/03/2021 às 12:29

    O CALPe convida a todes para nossa Reunião Ordinária, na quarta-feira, dia 24/03, às 18h.

    As pautas serão:

    • Informes;
    • Repasses das comissões/tarefas;
    • Assembleia Estudantil;
    • Jornada de Lutas “Vida, pão, vacina e educação”
    • Balanço da reunião ampliada dos CAs.

    Traga sua revolta, suas ideias, opiniões e apontamentos! Nossas reuniões são sempre abertas, e qualquer dúvida, sugestão, pode nos chamar.

    O QUÊ?📌 Reunião Ordinária do CALPe
    QUANDO?📌 24/03, 18h
    ONDE?📌 Plataforma Jitsi meet, disponibilizamos o link pelos chats privados de nossas redes sociais e também pelo nosso e-mail: comunicacalpe@gmail.com


  • [CHAMADO] Reunião Ordinária do CALPe – 19/03

    Publicado em 17/03/2021 às 12:01

    O CALPe convida a todes para nossa Reunião Ordinária, na sexta-feira, dia 19/03, às 18h.

    As pautas serão:

    • Informes;
    • Repasses das comissões/tarefas;
    • Ação Antirracista
    • Assembleia estudantil;
    • Preparação para o CEB (conjuntura, mobilização estudantil e comitê de luta pela vacinação)
    • Proposta de live sobre Ditadura Militar e Educação.

    Traga sua revolta, suas ideias, opiniões e apontamentos! Nossas reuniões são sempre abertas, e qualquer dúvida, sugestão, pode nos chamar.

    O QUÊ?📌 Reunião Ordinária do CALPe
    QUANDO?📌 19/03, 18h
    ONDE?📌 Plataforma Jitsi meet, disponibilizamos o link pelos chats privados de nossas redes sociais e também pelo nosso e-mail: comunicacalpe@gmail.com


  • ASSEMBLEIA ESTUDANTIL DA PEDAGOGIA – 25/03/2021

    Publicado em 12/03/2021 às 17:31

    Convocamos a todes estudantes do curso de pedagogia para uma Assembleia Estudantil que irá acontecer no dia 25/03, quinta-feira, às 14h, de forma online pela plataforma RNP.

    Teremos duas pautas:
    1) Representações Discentes para Órgãos Colegiados

    As representações discentes atuais do curso precisam de modificação e aprovação, até porque a portaria atual em breve irá vencer. Temos como objetivo, então, debater sobre esses Órgãos Colegiados, suas funções e sua importância, para então destacar nossas representações que ficarão responsáveis por defender as demandas e interesses estudantis nesses espaços.
    Atualmente, temos cadeiras no Colegiado de Curso da Pedagogia (3 titulares e 3 suplentes), Núcleo Docente Estruturante (NDE, com três cadeiras titulares, sem suplência) e no Conselho de Unidade do CED (onde temos uma cadeira, com titular e suplente).
    2) Luta pela Vacinação

    A pauta sobre Luta pela Vacinação todes sabemos o quanto é importante, e temos muito o que conversar e nos organizar para esse movimento! A vacinação será pauta essencial dos movimentos populares ao longo desse ano, e é importante que possamos debater sobre essa luta para participar da melhor forma possível! Nosso objetivo é debater sobre essa bandeira, o que significa a vacinação para a classe trabalhadora e para nós, que somos estudantes, e de que forma podemos somar à essa luta junto dos demais movimentos sociais.

    Estabelecemos um quórum de 20% das estudantes do curso para essa assembleia, ou seja, no mínimo 70 estudantes. Por isso, é muito importante que haja uma movimentação entre as/os estudantes, divulgando, chamando os colegas, e participando! Para que juntes possamos debater os assuntos propostos e encaminhar o que for necessário!

    Se você tiver alguma dificuldade para acessar e participar plenamente desse espaço, entre em contato conosco pelo e-mail comunicacalpe@gmail.com que faremos o possível para garantir a participação de todes. Entendemos as limitações e dificuldades do momento remoto, mas queremos garantir que, na medida do possível, todes possam participar e se colocar nessa assembleia!

    Qualquer dúvida, sugestão, apontamento, vocês têm nosso contato! Seguimos juntes!

    RESUMO:
    O QUÊ?📌 Assembleia Estudantil da Pedagogia
    QUANDO?📌 25/03, 14h
    ONDE?📌 Plataforma RNP, links serão disponibilizados pelo fórum da graduação


  • ESTUDANTES DE PEDAGOGIA NA LUTA PELA VACINAÇÃO!

    Publicado em 10/03/2021 às 09:19

    “As sirenes do mundo guardaram silêncio,
    jamais detectaram o incêndio de seu sangue”.
    Biografia, de Leonel Rugama

     

    Um ano de pandemia no Brasil; foi em 16 de março de 2020 que as aulas presenciais da UFSC foram suspensas. De lá pra cá, tivemos tempo mais do que suficiente para preparar o sistema de saúde, com médicos, enfermeiros, medicamentos, equipamentos e leitos, para o impacto da COVID-19, para organizar as atividades econômicas e sociais a fim de que o vírus não significasse a paralisação generalizada e recorrente destas, para criar consciência da gravidade da situação entre toda a população, e para planejar a campanha de vacinação com o cuidado e a atenção necessárias. Mas nada disso foi feito. Hoje o Brasil está registrando número recorde de mortes: mais de DEZ MIL em uma semana, batendo quase DUAS MIL por dia. Já são 268.370 vidas perdidas, fora as subnotificações. Além disso, passados dois meses, vimos apenas 4% da população brasileira ser vacinada, e isso só com a primeira dose; pessoas com a segunda dose, efetivamente imunizadas, não chegam a 2% da população. Em Santa Catarina recém atingimos os 3,5% de primeira dose, e 1% da segunda.    

    Fica claro que temos uma política de morte em curso. Não se pode falar em “descaso” do governo, quando o que vemos é um trabalho ativo dos nossos governantes, em especial do presidente Jair Bolsonaro, para sabotar as medidas de contenção, proteção e vacinação. Campanhas de desinformação quanto ao uso de máscaras, sobre a vacina e sobre a mentira do “tratamento precoce” (que, nunca é demais dizer, não existe), a inexistência de um verdadeiro plano nacional de vacinação, a rasteira na execução e planejamento do Auxílio Emergencial, programa essencial para se pensar qualquer outro tipo de medida restritiva de combate à pandemia. Tudo isso, só para citar poucos exemplos, tem a assinatura de Bolsonaro embaixo, escrita com o sangue de milhares de mortes evitáveis. 

    Por conta disso, o tempo passa, mas a pandemia não parece se aproximar do fim. Com a administração genocida em curso, a situação só se deteriora. Estamos muito pior do que estávamos há um ano atrás! Agravaram-se as desigualdades sociais, a pobreza e o número de pessoas em situação de rua em pleno período de crise sanitária! E o Auxílio Emergencial, política de inclusão para garantir as mínimas condições de vida nesse período, depois de ter seu valor reduzido, foi cancelado pelo governo federal. Vemos os sistemas de saúde nacional, estaduais e municipais entrando em colapso na nossa frente. Não existem mais leitos disponíveis, sequer médicos, enfermeiros e outros profissionais que suportem as condições degradantes de trabalho na linha de frente. Temos pessoas morrendo nas filas à espera de atendimento! Surgem novas variantes, justamente pelo descontrole da transmissão, que são mais letais e transmissíveis. A situação é de calamidade pública, crise humanitária, – sem rodeios – de barbárie!

    E se a gente achou que esse era o limite, que não poderia piorar, fomos ingênuos. É nesse contexto que vimos os mesmos governantes liberarem, sem qualquer protocolo realista de proteção e segurança, o retorno presencial das aulas nas escolas básicas. Professores, funcionários, estagiários, técnicos, serventes, estudantes, pais, babás e familiares: todos sendo postos para circular em cidades que têm transporte público lotado e não garantem a fiscalização e o seguimento das normas básicas de contenção da disseminação do vírus. Todos sendo postos em risco altíssimo de contágio e transmissão, com as cepas (variantes)  mais mortais se disseminando cada vez com mais facilidade.  

    É nesse contexto que Bolsonaro e Guedes tentam aprovar reformas e projetos que só aprofundam as causas estruturais da crise humanitária que passamos. É o caso da PEC Emergencial, ou PEC 186/19, cujo projeto inicial previa a redução em 25% do salário dos servidores públicos federais (incluindo profissionais da educação e da saúde pública) e a desvinculação dos gastos mínimos obrigatórios com Educação e Saúde, até então previstos na Constituição Federal. Gastos esses, vale lembrar, que já estão enxugados por conta da EC95, o desumano Teto de Gastos, que já mostra seus letais efeitos práticos na precarização de hospitais, postos de saúde e do SUS em geral nessa pandemia. É, também, o caso das propostas de privatização da Petrobras, dos Correios e da Eletrobras, que avançam a passos largos nas Câmaras Legislativas. 

    E a cada dia somos bombardeados com novas denúncias que mostram que o fracasso nacional no combate à pandemia na verdade é consequência do próprio sucesso das políticas assassinas levadas a cabo pelo governo federal: se recusaram a comprar testes suficientes, e os que compraram deixaram vencer sem ser usados; se recusaram a comprar vacinas, mesmo com propostas de milhões de doses feitas pelas fabricantes; diminuíram o financiamento de leitos do SUS ao longo de todo o ano de 2020; deixaram de aplicar 80 milhões de reais que eram destinados ao setor da saúde… Tudo isso enquanto ouvimos que chorar a morte evitável de duzentos e sessenta e oito mil brasileiros não passa de “mimimi”. 

    Tudo isso nos atinge, atinge a quem amamos, atinge a classe a que pertencemos e, portanto, nos afeta profundamente. Mesmo para aqueles e aquelas que estão conseguindo se manter em isolamento, a realidade insiste em entrar em nossa casa, não nos deixa descansar. Passar por esse período isolados, preocupados e muitas vezes doentes nos marca de uma forma dolorosa. Sentimos isso quando hesitamos em responder um “tudo bem?” de forma positiva: “na medida do possível, sim…”. Sentimos isso quando não conseguimos fazer uma atividade assíncrona por estar tendo uma crise de ansiedade. Sentimos isso quando não conseguimos manter o foco, ou sequer ver sentido, em uma aula síncrona. Nossa saúde, física e mental, manifesta os sinais do nosso abalo.

    Rosa Luxemburgo uma vez disse que “quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem”. Ultimamente, o sentimento de impotência tem vindo à tona nas nossas reações frente aos acontecimentos da pandemia. Se movimentar não tem sido fácil, ainda mais isolados, em casa, sozinhos. Mas se nos sentimos impotentes, é porque no princípio desse sentimento se encontra uma fonte de muita revolta. Revolta difícil de canalizar, de transformar em ação, de encontrar um horizonte pelo qual possamos lutar. Para usar a metáfora do poema de Leonel Rugama, nós temos um incêndio queimando, mesmo que as sirenes do mundo façam silêncio.

    Motivos para se revoltar não faltam. Olhemos mais especificamente para o nosso redor, no âmbito do curso de pedagogia da UFSC. Com o retorno presencial das escolas básicas, retornam também os estágios não-obrigatórios. Como ficam as estudantes que precisam dessa renda e agora se vêem na necessidade de voltar às escolas nas condições inseguras que estão postas? Onde estão as estagiárias e os estagiários no plano de vacinação? Mais ainda: onde estão TODOS os trabalhadores da educação? Segundo o plano nacional, lá na 15ª posição na ordem de prioridade! Até lá, trabalhadores e trabalhadoras, incluindo estudantes do nosso curso, se colocam em risco diário. 

    As estudantes do nosso curso foram afetadas profundamente com o cancelamento do Auxílio Emergencial para 2021. Segundo o formulário de avaliação do Ensino Remoto, respondido por cerca de 40% das estudantes do curso, metade das estudantes solicitou esse auxílio! Como ficamos, então, sem essa renda, e com a inflação levando o preço dos alimentos, do gás de cozinha e da gasolina à estratosfera? Essa realidade faz com que muitas e muitos precisem começar a trabalhar, geralmente em postos extremamente precarizados, presencialmente, e com as condições de segurança sanitária também precárias. Sabemos, nesse sentido, como ficam os estudos para quem precisa desse tempo trabalhando, especialmente no Ensino Remoto…

    Que frente a nossa situação e a situação das nossas colegas libertemos a revolta! É insustentável continuar sem fazer nada frente à conjuntura de morte a que estamos submetidos. Sim, se movimentar individualmente é difícil. Então que encontremos e organizemos nossa força no coletivo! O movimento estudantil, enfrentando as dificuldades e limites organizativos do período remoto, está se organizando para levar adiante a luta pela vida e pela vacinação. É nesse encontro coletivo que conseguimos efetivamente confrontar e superar a nossa impotência, organizar a revolta e lutar pela transformação da realidade!

    Nos últimos dias, o DCE aprovou a criação de um Comitê de Luta pela Vacinação, um espaço político-organizativo que pretende reunir as categorias da Universidade estudantes, técnicos, professores e terceirizados para travar as lutas em defesa da vida, de enfrentamento à pandemia e pela vacinação de toda a população brasileira. É um primeiro passo, ainda inicial e em construção, que já aponta caminhos para nós. Construir o comitê é uma forma importante de nos colocarmos em movimento, participarmos das discussões, construirmos informação para influir no debate público, e estarmos na luta popular cobrando as autoridades e atuando nas manifestações da classe trabalhadora.

    Dados os elementos da conjuntura, elegeu-se a luta pela vacinação como mote central das mobilizações a se seguir. Entendemos que não existe fim para a pandemia e suas adversidades que não seja pela vacinação universal de toda a população brasileira. Isso não significa, porém, se abster das outras frentes e pautas decorrentes da pandemia e sua gestão genocida. A luta pelo auxílio emergencial, medidas de restrição, proteção e contenção adequadas, pelo lockdown e pela ampliação dos leitos do SUS, e lutas que não se reduzem a isso, estão intimamente conectadas e articuladas pela bandeira da vacinação. Sem vacina, não podemos pensar em retorno presencial às aulas, por exemplo. Nossas mobilizações presentes e futuras passam necessariamente pela luta pela vacinação. 

    O CALPe, enquanto entidade de curso, também iniciou suas discussões e sua organização para levar essa luta adiante. Além de aprovar a participação do comitê como principal forma de participar da luta, pensamos em ações para o nosso curso, como mobilizar os debates em torno da questão dos estágios presenciais e organizar lives, rodas de conversa e/ou outros espaços de debate e deliberação. No horizonte próximo, temos uma assembleia em que podemos discutir amplamente e com mais profundidade a nossa organização e nossas ações enquanto curso! Mas a construção realmente transformadora precisa da força dos números, de mais ideias, mais pés e mais mãos para concretizar as necessidades do momento. 

    Por isso, lançamos esse chamado à ação: façamos as correntes sacudirem e as sirenes apitarem. Precisamos, mais do que nunca, de que todas, todos e todes estejam juntes para as lutas que se apresentam. É momento de vencer o imobilismo e superar a impotência, com coletividade e organização. Sendo assim, chamamos todes às reuniões do Centro Acadêmico, do DCE e demais espaços de organização estudantil, sejam eles movimentos, organizações ou coletivos. Que nelas possamos não só nos organizar e discutir, mas efetivamente transformar nossa revolta e nosso debate em ação! É com a participação de todes que esses espaços e entidades podem se tornar as ferramentas combativas que precisam ser. Levantemos nossas bandeiras, nossas vozes e nossa força, porque na luta contra aqueles que causam a dor e a morte, nossa resposta precisa ser dada com o ânimo da luta, com vida.

    Centro Acadêmico Livre de Pedagogia – CALPe UFSC, dia 10 de Março de 2021.

     

    PELA VACINAÇÃO IMEDIATA DE TODA A POPULAÇÃO BRASILEIRA!

    EM DEFESA DA VIDA! LOCKDOWN COM GARANTIA DE RENDA PARA TODOS! AUXÍLIO EMERGENCIAL JÁ!

    FORA BOLSONARO, MOURÃO E GUEDES!

    POR UM SUS 100% PÚBLICO, GRATUITO E DE QUALIDADE!

    PELA AMPLIAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)!

    RETORNO PRESENCIAL SOMENTE COM VACINAÇÃO!

    PELA REVOGAÇÃO DA EC95!

    CONTRA A PEC186! POR MAIS, E NÃO MENOS, INVESTIMENTO EM SAÚDE E EDUCAÇÃO!

    CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DOS CORREIOS, DA PETROBRAS E DA ELETROBRAS! 

     

    REFERÊNCIAS:

    “Painel Coronavírus”, atualizado diariamente, disponível em: <https://covid.saude.gov.br>, acesso em 10 de Março de 2021.

    “Vacinômetro-SUS”, atualizado diariamente, disponível em: <https://viz.saude.gov.br/extensions/DEMAS_C19Vacina/DEMAS_C19Vacina.html>, acesso em 7 de Março de 2021.

    “Desigualdade social cresce nas metrópoles brasileiras durante a pandemia”, um estudo da PUCRS, INCT e RedODSAL, disponível em: <https://portal.fiocruz.br/noticia/desigualdade-social-e-economica-em-tempos-de-covid-1>, acesso em 9 de Março de 2021.

    “O drama do auxílio emergencial e as condições de vida do povo brasileiro” de Leando Melito, disponíveis em:  <https://www.brasildefato.com.br/2020/05/28/o-drama-do-auxilio-emergencial-e-as-condicoes-de-vida-do-povo-brasileiro>, acesso em 9 de Maço de 2021.

    Sobre o “kit covid”: <https://portal.fiocruz.br/pergunta/remedios-como-hidroxicloroquina-e-remdesivir-podem-ser-usados-no-combate-covid-19-0>, acesso em 08 de Março de 2021.

    “Mais de 4.000 pessoas com covid-19 morreram à espera por um leito de UTI em seis Estados brasileiros” de Beatriz Jucá, disponíveis em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2020-08-26/mais-de-4000-pessoas-com-covid-19-morreram-a-espera-por-um-leito-de-uti-em-seis-estados-brasileiros.html>, acesso em 9 de Março de 2021.

    Sobre as novas variantes do covid: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56255766?at_custom3=BBC+Brasil&at_medium=custom7&at_custom2=twitter&at_custom4=B23BE4BC-7DA6-11EB-8E4D-25454D484DA4&at_custom1=%5Bpost+type%5D&at_campaign=64>, acesso em 9 de Março de 2021.

    Sobre como a reabertura das escolas em SC: <https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2021/02/16/decreto-autoriza-aulas-presencias-em-sc-com-100percent-da-capacidade-das-salas-durante-pandemia.ghtml> acessso em 9 de Março de 2021

    Sobre o risco da abertura das escolas: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-09/sp-reabertura-de-escolas-amplia-risco-de-covid-19-para-340-mil-idosos>, acesso em 9 de Março de 2021.

    Sobre a aprovação da PEC Emergencial: <https://www12.senado.leg.br/noticias/audios/2021/03/aprovada-no-senado-pec-emergencial-aguarda-votacao-na-camara>, acesso em 8 de Março de 2021.

    Sobre a privatização dos Correios, Petrobrás e Eletrobrás disponíveis em: <https://www.cnnbrasil.com.br/business/2021/02/23/bolsonaro-e-aconselhado-a-enviar-logo-mp-para-privatizar-eletrobras-e-correios>, acesso em 9 de Março de 2021.

    Sobre a não-compra de vacinas: <https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2021/01/22/em-carta-ceo-mundial-da-pfizer-pediu-a-bolsonaro-pressa-na-compra-de-vacinas>, acesso em 7 de Março de 2021.

    Sobre a redução de recursos federais para leitos de UTI: <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2021/02/13/A-redução-de-recursos-federais-para-leitos-de-UTI-em-meio-à-2ª-onda>, acesso em 9 de Março de 2021.

    Sobre a não aplicação de 80 milhões de reais destinados a saúde disponíveis em: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/02/r-80-bi-de-verba-da-covid-em-2020-ficam-parados-e-parte-segue-represada.shtml>, acesso em 9 de Março de 2021.

    Sobre Bolsonaro se referir a mortes causadas pelo COVID-19 como “mimimi”: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-56287135>, acesso em 9 de Março de 2021.

    Sobre posição de trabalhadores em educação na fila de vacinação: <https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2021/03/05/vacinacao-de-professores-ainda-nao-tem-data-e-ministerio-mantem-ordem-em-lista-de-prioridades-entenda.ghtml>, acesso em 7 de Março de 2021.

    Números da vacinação no Brasil: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2021/03/09/brasil-aplicou-ao-menos-uma-dose-de-vacina-em-87-milhoes-aponta-consorcio-de-veiculos-de-imprensa.ghtml > Acesso em 10 de Março de 2021

    Mapa da vacinação no Brasil, por estado:
    < https://especiais.g1.globo.com/bemestar/vacina/2021/mapa-brasil-vacina-covid/ > Acesso em 10 de Março de 2021


  • [REUNIÃO] Chamado para Reunião Ordinária

    Publicado em 08/03/2021 às 22:20

    O CALPe convida a todes para nossa Reunião Ordinária, na Quarta-feira, dia 10/03, às 20h.

    As pautas refletem debates centrais para nossa conjuntura e para a vida de todos, por isso reiteramos um chamamento para todes estudantes do curso debaterem essas questões com a gente!

    Temos uma semana bem cheia, acabamos por ter que fazer nossa reunião na quarta-feira, após a aula aberta do curso. Reiteramos a importância de ambos os espaços. O momento que vivemos é de luta, e precisamos juntar nossas forças pra nos organizar nela!

    As pautas serão: Informes; Repasses das comissões/tarefas; Assembleia estudantil; Reunião puxada pelo CAFIL; Luta pela vacinação.

    Traga sua revolta, suas ideias, opiniões e apontamentos! Nossas reuniões são sempre abertas, e qualquer dúvida, sugestão, pode nos chamar.

    O QUÊ?📌 Reunião Ordinária do CALPe
    QUANDO?📌 10/03, 20h
    ONDE?📌 Plataforma Jitsi meet